No decorrer dos últimos meses foram publicados, nesta página, os resultados da intervenção com recurso ao Neurofeedback em alguns casos reais, acompanhados e tratados na clínica NeuroImprove, como por exemplo o artigo “Um Caso Real – O Exemplo do L.”.No penúltimo artigo foi abordada a questão da conectividade cerebral, sendo explicada a forma como a terapia com recurso ao Neurofeedback pode não só promover a regulação da incidência de cada um dos ritmos cerebrais, como também promover a regulação na forma como diferentes regiões cerebrais comunicam entre si (ver artigo “Neurofeedback e Conectividade Cerebral”).
Neste artigo iremos apresentar os resultados obtidos junto do D. Como iremos ver, este utente mostrou, entre outras, desregulações acentuadas nos valores de conectividade, avaliados com recurso à eletroencefalografia quantitativa.
O D. é uma criança que iniciou o acompanhamento na clinica NeuroImprove com 10 anos, em Abril de 2017. Estava previamente diagnosticado com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção, do subtipo Predominantemente Desatento. Os resultados obtidos com recurso à eletroencefalografia quantitativa são apresentados na Figura 1 em baixo:
Conforme explicado em publicações anteriores (ver artigo “EEG Quantitativo e Brainmapping”), podemos concluir que no EEG do D. se observa uma incidência excessiva do ritmo Delta e dos ritmos de frequência mais elevada, nomeadamente os ritmos Beta e High Beta. No que toca à conectividade, as desregulações mais evidentes encontram-se associadas ao ritmo Delta, sendo que, nesta banda de frequências, os valores de Coerência são excessivos entre a globalidade das regiões cerebrais analisadas. Podemos observar outras desregulações relativas à conectividade, não tão severas como a anteriormente citada, mas ainda significativas, tais como os valores de Assimetria nas bandas de frequências do tipo Delta, Beta e High Beta, ou os valores de Coerência na banda de frequências do tipo Beta.
O D. iniciou as sessões de Neurofeedback com vista à regulação dos desvios normativos observados na sua avaliação inicial, quer ao nível da incidência absoluta dos ritmos com incidência excessiva, quer ao nível dos valores de conectividade anormais para a sua idade (ver artigo “Uma Sessão de Neurofeedback”). Foram feitas avaliações regulares, com intervalos aproximados de 20 sessões entre si, sendo os resultados apresentados abaixo obtidos após 70 sessões de Neurofeedback (Figura 2):
É visível uma normalização na incidência absoluta do ritmo Delta, bem como uma redução na incidência dos ritmos Beta e High Beta. No entanto, a alteração mais evidente e que melhor sustenta as melhorias observadas no quadro clínico do D. prendem-se com a normalização dos valores de Coerência ao longo de todas as regiões cerebrais.
O caso do D. é um bom exemplo de desregulações ao nível da conectividade cerebral e que se podem relacionar com a sintomatologia de quadros clínicos como o que lhe era diagnosticado. De igual modo, os resultados alcançados são também um bom exemplo da forma como o Neurofeedback promove a regulação de desvios normativos não só de incidências absolutas, mas também de conectividade entre regiões cerebrais.