Será que respondi bem? E se eu não conseguir boa nota? E se eu reprovar? Será que não esqueci de dizer nada importante? Será que escrevi tudo o que era preciso na resposta? E se não conseguir a nota que quero?
O “Se” e o “Será” trazem demasiadas dúvidas e raramente, senão nunca, dão certezas. A dúvida alimenta a ansiedade e curiosamente aumenta a probabilidade de acontecer exactamente o que se receia, pois o foco de atenção e do esforço está no medo de falhar e não na vontade de tentar dar o melhor que se tem para dar, posto que isso deveria ser suficiente.
Muitos jovens sentem-se perdidos nestas dúvidas, especialmente na fase de exames nacionais e/ou na fase em que a média das notas nos testes ganham um peso extraordinário nas suas vidas quotidianas e nos objectivos para o futuro. Encontram-se divididos entre a antecipação do seu desempenho nos testes, nas apresentações e nos exames, e a tentativa de verificar no momento pós-avaliação se tudo correu bem, o que conseguiram ou não acertar, revendo o máximo possível mentalmente para ver se conseguiram que não fosse o medo a vencer. E nas situações propriamente ditas, estão num estado de hipervigilância que enviesa a sua capacidade de leitura realista das situações e cria uma interpretação negativa do que os outros estarão a pensar deles.
Nestes casos, falamos em Ansiedade Social, mais concretamente Ansiedade de Desempenho, pois o medo está limitado a falar ou ter um desempenho em público/avaliado pelos outros. Nesta forma de ansiedade, o medo de errar, de não conseguir aquilo a que se propõem, de serem avaliados negativamente pelos outros, de não chegar à meta da expectativa, tanto os pode motivar a enfrentar os medos, como os pode bloquear no desempenho das mais diversas formas de avaliação. Aí, os resultados tendem a ser mais baixos do que esperavam, as expectativas são defraudadas e o medo ganha. Ganha pela situação ter acontecido tal como foi prevista e ganha pelo receio que acarreta para as situações de avaliação vindouras.
Eles estudam muito. Alguns até estudam demais. Tentam ter tudo sob controlo para que nada corra como temem, mas há um conjunto de pensamentos que lhes diz que não vão conseguir, que vão falhar e às vezes, chegam até a pensar que são menos competentes que os outros, esmorecendo ainda mais.
E o medo? Esse continua a fortalecer-se visto que em vez dos jovens enfrentarem os seus receios e aumentarem os esforços no sentido contrário ao que o medo indica, acabam por aumentar o medo de tudo acontecer tal e qual se lhes afigura em pensamentos, diga-se, negativos. Crescem a dúvida e a insegurança, e a ansiedade também aumenta as suas proporções e expressões cognitivas, emocionais e comportamentais.
O papel da ansiedade é de sinalização de possíveis perigos e de momentos/marcos importantes para cada um de nós. Contudo, com ela na sua forma extremada (negativa), perdemos a confiança em nós mesmos, perdemos oportunidades, sentimo-nos diminuídos e não raras vezes, caímos na tentação de a tentar controlar ao invés de lidar com ela e a aceitar na sua essência. Por outro lado, se não a experienciamos, não sentimos a satisfação de encontrar uma boa nota na pauta nem o contentamento após enfrentarmos com sucesso situações ansiógenas, mas importantes no nosso crescimento, quer sejam elas do foro pessoal quer sejam do foro profissional. Precisamos dela, mas de forma regulada.
Aprender a gerir a ansiedade aos testes, exames e demais formas de avaliação, numa sociedade cada vez mais competitiva, torna-se uma ferramenta essencial para todo o percurso de vida.