A insónia é uma desordem comum do padrão de sono. Na literatura científica, este problema tem vindo a ser descrito como uma condição na qual estão presentes um ou mais dos seguintes sintomas:
- Dificuldade persistente em adormecer;
- Dificuldades em manter o sono, acordando várias vezes ao longo da noite;
- Tendência para acordar demasiado cedo sem conseguir voltar a conciliar o sono;
- Sono com pouca qualidade e pouco reparador.
Ao contrário da privação do sono – um termo utilizado para referir pessoas com dificuldade em encontrar oportunidades para dormir -, a insónia é um quadro no qual a pessoa apresenta uma ou mais das dificuldades enumeradas em cima, mesmo reunindo as condições necessárias para uma noite de sono satisfatória.
Na literatura especializada são frequentemente distinguidos dois tipo de insónia:
Insónia Primária: problemas relacionados com o sono que não podem ser atribuídos a uma condição médica, psiquiátrica ou ambiental (nas quais se incluem o consumo de drogas ou medicamentos).
Insónia Secundária: problemas relacionados com o sono e que são uma consequência de alguma condição médica, psiquiátrica ou ambiental, incluindo-se nesta categoria problemas decorrentes do consumo de medicamentos ou drogas.
A American Academy of Sleep Medicine estima que 30% dos adultos sofram dos sintomas caraterísticos de insónia. Em cerca de 10%, estes sintomas serão suficientes para causar dificuldades diárias, e menos de 10% sofrem de insónia crónica.
Em muitos casos as insónias surgem associadas a outros quadros clínicos, como quadros de depressão e/ou ansiedade. Noutros casos, as insónias são causa de preocupação e ansiedade em relação ao sono, sendo esta ansiedade causadora de maiores dificuldades em adormecer, e promovendo a entrada num ciclo que se alimenta a si próprio e que dificulta qualquer solução que se possa tentar para o problema. A este tipo dá-se o nome de insónia psicofisiológica, e é um tipo de insónia que afeta entre 1 e 2% da população geral.
E muitos casos, num utente que sofra de insónias haverá um reflexo desta mesma condição no seu eletroencefalograma. Nestes casos é possível observar desregulações comparativas típicas de dificuldades com o sono nos mapas cerebrais que resultam do eletroencefalograma quantitativo (ver artigo “EEG Quantitativo e Brainmapping”). Na Figura 1 é apresentado o mapa cerebral de um caso acompanhado na clínica NeuroImprove, e que é exemplo deste reflexo dos sintomas associado à insónia no eletroencefalograma:
Figura 1
Conforme se pode concluir através da análise do mapa cerebral acima, neste paciente existe uma produção deficitária dos ritmos mais lentos produzidos pelo cérebro, nomeadamente ao nível dos ritmos Delta, Teta e Alfa. Com recurso ao Neurofeedback (ver artigo “Uma Sessão de Neurofeedback”) foi possível promover uma regulação na produção destes ritmos, conforme comprova a última avaliação feita junto deste utente (Figura 2):
Figura 2
É visível um aumento significativo principalmente no que toca à incidência do ritmo Teta no cérebro deste paciente, um ritmo que por sua vez está associado a fases de relaxamento e aos períodos imediatamente anteriores ao sono. A melhoria na qualidade do sono foi a primeira identificada por este utente, principalmente nos dias em que fazia uma sessão de Neurofeedback. Progressivamente os resultados consolidaram-se, com uma melhoria significativa e evidente na qualidade de sono e qualidade de vida geral deste utente.
Importa referir que os mapas cerebrais típicos de insónia apresentam uma variabilidade elevada, muitos inclusivamente com uma incidência excessiva e conjunta dos ritmos Delta e Beta. Parte desta variabilidade justifica-se com a comorbilidade entre este problema e outros quadros clínicos. Tal como em qualquer intervenção realizada com esta técnica, o eletroencefalograma quantitativo é um ferramenta essencial para a elaboração de um protocolo personalizado e devidamente eficaz para cada utente.
Ao longo dos anos têm sido desenvolvidos modelos de intervenção importantes na ajuda de pessoas que sofrem com insónias. Entre elas podem-se destacar a intervenção psicológica, normalmente assente no modelo cognitivo-comportamental, e a intervenção com recurso à medicação, como hipnóticos ou soníferos, ou medicamentos com antihistamínicos. A eficácia do Neurofeedback tem vindo a ser largamente comprovada no tratamento deste quadro. Tal como no tratamento de outros quadros clínicos, o Neurofeedback mostra-se vantajoso ao não recorrer à medicação ou a técnicas invasivas. Os resultados obtidos são consolidados e os efeitos secundários praticamente inexistentes.