A Perturbação Obsessivo-Compulsiva, vulgo POC, é caracterizada pela presença de obsessões, compulsões ou ambas. É uma perturbação que se expressa com uma grande variedade de características que são experienciadas com enorme desconforto e sofrimento.
Quando na presença de obsessões, são identificáveis pensamentos, ideias, impulsos, imagens ou dúvidas incongruentes e sem sentido, que surgem de forma automática, intrusiva e geram alterações fisiológicas características da ansiedade. Tais cognições são disfuncionais e estão frequentemente associadas ao perfeccionismo, à intolerância, à incerteza, a um sentido de responsabilidade exacerbado, à sobrestimação das ameaças e à necessidade de controlo dos pensamentos.
No momento em que surge a obsessão, existe um tentativa de controlo da mesma através da compulsão. Assim, quando na presença de compulsões, são reconhecíveis impulsos para a acção e comportamentos efectivos tidos como sendo sem sentido e excessivos, que são executados em resposta às obsessões. O seu intuito é o de prevenir que o seu teor seja ou se torne real, e reduzir a ansiedade espoletada. Todavia, embora se experiencie alívio após a sua execução, esta sensação de bem estar é de curta duração e rapidamente o ciclo obsessão – compulsão se reinicia, podendo ou não ser subjacente ao mesmo tema. As compulsões surgem então como tentativa de tranquilização e neutralização das obsessões e passam a ser consideradas a única maneira de lidar com a sua presença, como se tivessem o verdadeiro poder de controlar os impulsos e suas consequências. Por sua vez, a ansiedade experienciada nestes momentos é tão elevada que se percepciona um impulso ainda mais forte de tentar diminuir o sofrimento que lhe subjaz o mais rápido possível.
A POC é uma perturbação interferente com a vida quotidiana e tende a tornar-se progressivamente invalidante, tanto a nível profissional/escolar como a nível interpessoal (familiar e social). Algumas compulsões chegam até a tornar-se invalidantes a nível físico, devido às características dos rituais realizados.
Todas as compulsões retiram tempo de qualidade na vida diária da pessoa que sofre com esta perturbação, quer a pessoa recorra a comportamentos visíveis quer execute rituais mentais, visto que apresentam regras próprias de execução, nomeadamente a repetição excessiva de acções ou de afirmações mentais.
Além da ansiedade que acarreta, a POC também está frequentemente associada ao surgimento de sintomatologia depressiva, que é igualmente invalidante e dificulta o processo de tratamento no que diz respeito à motivação para a intervenção.
A POC é uma perturbação para qual existe tratamento e quanto mais cedo se investir no mesmo, melhor o prognóstico do seu curso e tratamento propriamente dito, uma vez que as obsessões e as compulsões tendem a crescer em quantidade e qualidade.
A intervenção nesta perturbação é bastante intensa e passa em muito, pela motivação da pessoa em (re)tomar as rédeas da sua vida. Com persistência, é possível se voltar a ter uma vida perfeitamente normal e funcional, sendo que uma das maiores conquistas será a aprendizagem do nosso funcionamento para a capacitação perante os desafios que a POC nos coloca.